1 de jun. de 2011

Domingo de ações engraçadas.

Reis obesos, risonhos com adulo do desespero preparavam o último jantar enquanto se despediam do último caviar ao som da valsa da banda que já estava demitida e iria procurar emprego em outro lugar. Era o fim da monarquia.

Cachorros se despediam das pulgas, os carros gastavam seus pneus nas avenidas da cidade e a borracha dizia adeus às últimas árvores que restaram no local, onde agora está o estacionamento central. Era o fim da calmaria.

As pessoas com capacetes olhavam para as pessoas sem capacetes e se deliciavam ouvindo jazz, e julgavam quem não podia apreciar os bordéis mais caros da cidade, nem as tetas caídas das meretrizes que até o prefeito, de capacete, já havia se deliciado.

Velhos, desrespeitados se reuniam na praça para discutir a última jogada do xadrez, que um tal José, havia lhes ensinado. Lembravam saudosos do Direito, aquele jovem imbecil de dois séculos, que no último instante , saia à francesa.

O Estado, abandonava o monopólio da violência, distribuía exemplares do Capital e descartava a chance de vencer. A burocracia, robusta e de calças apertadas, saia pé por pé da sua sala escura, mas não antes de retirar o pó da escrivaninha onde sentava antes a velha secretária.

Os pais carecas, as mães caridosas, os padres e os senhores de casacos pesados e úmidos, escoravam sua mão esquerda na cabeça para pensar numa saída, não havia jeito, a cidade estava tomada pelo desânimo que como um coelho, veloz e peludo, roubava o peso de suas consciências e tudo parecia leve.

Sem monarquia, sem calmaria, só restou alguns jovens com bonés vermelhos e sapatos desamarrados, afinando o último piano alemão da cidade, que havia chegado de um porto qualquer do atlântico. A secretária, os cachorros, os senhores de casacos pesados e úmidos resolveram apertar as mãos e compor um hino que seria homenagem à despedida das pulgas, da Monarquia, do Estado, da consciência pesada.O mundo, enfim, estava livre.

Vulvas culpadas e estranhos nas calçadas

Culpadas as vulvas não salientavam mais nenhum aspecto daquela geração,
Mórbidos e cansados, os pés direitos cansaram de pisar primeiro.
O segundo andar dos prédios olhava para os andares desencorajados das pessoas
Nas ruas e parados nas esquinas o papel no chão não era de nenhum ator.

Velhos sensatos caminhavam sem pressa olhando para os cabos da telefonia,
Que ouviam as vozes dos cabos do quartel reclamando pras suas namoradas
Que o general não passava de um ser arrogante e que esquecia que ali
Morava a disciplina que outrora se inventara.

Imitação da vida, as abelhas não estavam nem aí para os problemas das pessoas
de olhares cansados, sonolentas e aviltadas.
Não tocava música nenhuma, nem as folhas das árvores caiam no chão
Sequer os carros buzinavam um Mi maior, quem dera a poluição fosse só sonora,
ali estava programado o caos, com script e diretor:
Enquanto pássaros decidiam em assembléia a próxima sacada,
o fotógrafo perdia o foco, dando zoom onde ninguém olhava.